Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças crônicas do Ministério da Saúde mostra que 1 em cada 5 brasileiros (18,9%) é obeso e que mais da metade da população das capitais brasileiras (54,0%) está com excesso de peso. Mais: a obesidade já atinge 15% das crianças.
Estamos, então, diante de um cenário de maus hábitos à mesa?
Esta é uma pergunta que está no foco da Subcomissão permanente para debater alimentação, saúde e a importância do setor agropecuário na segurança alimentar dos brasileiros, criada recentemente pela Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural (CAPADR) da Câmara dos Deputados.
Os membros da Subcomissão têm o entendimento de que há mais especulações do que cerezas por baixo de tantas capas de gordura.
Para o presidente da CAPADR, deputado Fausto Pinato (Progressistas-SP), há “muitas verdades” neste cenário – e algumas delas não se sustentam.
Ele antecipou que o objetivo da subcomissão é levar ao Congresso Nacional a discussão para um entendimento da atual realidade do tema – alimentação e saúde – ao lado de formadores de opinião, para a elaboração de uma legislação moderna e para que a população brasileira tenha acesso às melhores condições de alimentação e saúde.
Passa por isso a regulamentação de produtos alimentícios, com normas mais claras sobre rotulagens e exatidão nas informações sobre as composições – percentuais de carboidratos e gorduras, por exemplo.
Pinato acredita que a participação do Estado nesse processo é fundamental, viabilizando a promoção de políticas que assegurem a estabilidade ambiental, social, política e econômica, além de fomentar o amplo debate junto à sociedade no processo de formulação, monitoramento e avaliação nutricional da população brasileira.
A despeito da incidência da obesidade, o quadro nacional é animador. O País é uma das referências mundiais no contexto da segurança alimentar em fase dos resultados de seus sistemas produtivos, aliados às ações de sustentabilidade e de responsabilidade social.
Mais saúde no prato
De acordo com dados do Ministério da Saúde, o interesse da população por alimentos mais saudáveis também cresceu. O consumo regular de frutas e hortaliças aumentou 4,8% (de 2008 a 2017), a prática de atividade física no tempo livre aumentou 24,1% (de 2009 a 2017) e o consumo de refrigerantes e bebidas açucaradas caiu 52,8% (de 2007 a 2017).
Uma decisão que pode tirar o Brasil da rota dos dados divulgados pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que prevê: a obesidade atingirá níveis (ainda mais) alarmantes em todo o mundo e deve ser tratada como problema de saúde pública.
A projeção da OMS é que, em 2025, cerca de 2,3 bilhões de adultos estejam com sobrepeso; e mais de 700 milhões, obesos. O número de crianças com sobrepeso e obesidade no mundo poderia chegar a 75 milhões.